Trabalho e carreira

O trabalho do futuro. Como sobreviver aos robôs em seis perguntas e respostas

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A quarta revolução industrial está aí, a mudar o mundo, todos os dias, de uma forma silenciosa, mas com uma velocidade e impacto sem precedentes.

É, pelo menos, o que nos dizem especialistas como Klaus Schwab, chairman do World Economic Forum e autor do livro “A Quarta Revolução Industrial”. Acredita que “estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. E a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”. 

Afinal qual é o trabalho do futuro?

1. As novas tecnologias e a robotização vão criar desemprego?

A resposta é “sim”. O World Economic Forum estima que a automação acabe com mais de sete milhões de postos de trabalho até 2020. 

E estima que, no mesmo período, só vão ser criados dois milhões de novos empregos, o que vai atirar cerca de cinco milhões de pessoas para o desemprego. 

2. Corre o risco de perder o emprego para um robô?

É um risco bastante real. Os avanços da tecnologia, da inteligência artificial e da robótica já permitem que as máquinas substituam pessoas em tarefas simples repetitivas, como uma linha de montagem numa fábrica, mas também em funções que não imaginávamos, como numa tradução ou na condução de um automóvel.

Os robôs são capazes de aprender, estão todos os dias mais capazes e há já estudos que mostram que conseguem fazer bem, e às vezes melhor e de forma mais confiável, do que os humanos. O processo de automação ainda está no princípio e vai levar décadas, mas as consequências são ainda imprevisíveis.

3. Quais são as profissões em risco de desaparecer?

Muitas, umas mais do que outras. Dois investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, fizeram um estudo inédito em que analisaram quais as profissões que correm maior risco de desaparecer ou de ser ajustadas, por causa da automação e da computorização, num prazo de 10 a 20 anos.

E os resultados foram surpreendentes, até para os próprios investigadores. Quase 50% das profissões estão em risco e não é só na indústria ou na manufactura. 

Sectores como transportes, logística, serviços e trabalhos administrativos também podem vir a ser ocupados por máquinas.

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Entre as profissões com maior risco de serem substituídas por computadores estão: avaliador de seguros, administrativo, operador de caixa, trabalhador agrícola, operador de centrais telefónicas ou atendimento, carteiro, contabilista e auditor, funcionários de impostos, taxista, leitor de contadores ou cozinheiro de fast food e analistas de mercados. Com um risco menor: funcionário judicial, juiz e magistrado, hospedeira, comissário de bordo, canalizador, atleta, porteiro, bailarino e cabeleireiro. 

4. Quais vão ser as competências-chave em 2020?

O relatório “The future of Jobs”, do Forum Económico Mundial, conclui que há dez competências imprescindíveis em 2020, em plena Quarta Revolução Industrial.

São elas: resolução de problemas complexos; pensamento crítico; criatividade; gestão de pessoas; coordenar-se com outros; inteligência emocional; tomada de decisão e discernimento; orientação para o serviço; negociação e flexibilidade cognitiva. Estas são, provavelmente, as competências que separam (ainda) a máquina e o homem. 

5. O que deve mudar na formação?

Muitos especialistas defendem que a formação deve ter mais em conta as crianças, os seus talentos e o que é possível desenvolver com eles, porque a economia do futuro é uma economia de talentos.

As escolas e as universidades terão de olhar mais para reais necessidades do mercado de trabalho, para as novas competências, qualificações e profissões. Uma escola menos formatada, mais flexível, que fomente o empreendedorismo, a criatividade e o talento.

6. Há razão para ter medo?

A cientista Manuela Veloso, da Universidade de Carnegie Mellon, diz que não há que temer o futuro. A cientista portuguesa, que há 30 anos se dedica à programação e criação de robôs nos Estados Unidos, tem uma visão otimista. Os robôs ainda sabem fazer poucas coisas, terão sempre limitações e por isso há lugar para os humanos no mundo dos robôs. 

Para Manuela Veloso, a automação do mercado de trabalho vai criar muitas dificuldades económicas e sociais e promete ser um processo de transição difícil. No entanto, acredita que os humanos são muito inteligentes e vão saber reinventar-se, como sempre fizeram.

Lembre-se: tudo o que os robôs sabem foram os humanos que lhes ensinaram. Humanos e robôs vão, muito provavelmente, continuar a interagir e a precisar um do outro. Quer um conselho? Reinvente-se.