Direitos e Deveres

Idosos: que respostas sociais existem?

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Idosos

A população mundial está a envelhecer, em especial nos chamados países desenvolvidos. O número de pessoas em Portugal com mais de 65 anos duplicou em relação aos anos 70, o que faz de nós um dos países mais envelhecidos da União Europeia. Mais de dois milhões, ou seja 22,1% da população portuguesa tem mais de 65 anos, o que significa que mais de uma em cada cinco pessoas está acima desta faixa etária, de acordo com os números divulgados pelo Eurostat, em março de 2021. Entre os estados-membros da União Europeia, Itália lidera o ranking dos países com a população acima dos 65 anos, com 23,2%, seguido da Grécia e Finlândia, com 22,3%, e logo depois Portugal, com 22,1%.

À luz do aumento da esperança média de vida, a idade da reforma, conhecida como a idade dourada, representa, mais do que nunca, tempo disponível para fazer tudo aquilo com que sempre se sonhou. Hoje, grande parte das pessoas com mais de 65 anos têm uma vida preenchida e com qualidade. O tempo dedicado ao lado profissional é ocupado por momentos de lazer ou tarefas pessoais e familiares e o facto de se ter entrado na chamada terceira idade não tem a mesma carga pesada de há umas décadas. O lado menos dourado da condição do ser idoso está relacionado não tanto com a idade cronológica, mas com a degradação das condições físicas, sociais e psicológicas, estas últimas exponenciadas com a pandemia que ainda se vive no país.

Num mundo onde a população com mais de 65 anos aumenta a cada mês, temos o dever de olhar para as necessidades dos idosos como uma questão de enorme importância. E a obrigação de cuidar deles.

As mulheres e os homens idosos têm os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, independentemente da sua idade e/ou da sua situação de dependência. Saiba como está o nosso país a reagir aos desafios que surgem com o envelhecimento e conheça as respostas sociais que existem atualmente para pessoas idosas.

O que são Respostas Sociais?

É um conjunto de respostas apoiadas pelo Instituto da Segurança Social, I.P. que tem como objetivos promover a autonomia, a integração social e a saúde das pessoas idosas.

Em que casos se procura uma resposta social?

Normalmente, procura-se uma resposta social quando a própria pessoa ou os familiares já não conseguem dar resposta às necessidades mais básicas do idoso. Ou então por questões de segurança e companhia.

É importante o idoso participar na decisão?

Sim, sempre. Este é um passo muito importante. O idoso deve partilhar com a família e os responsáveis da instituição os seus desejos e expectativas. Há que medir as vantagens e desvantagens de cada instituição ou resposta, porque tomar a decisão de integrar uma resposta social representa uma enorme mudança na vida de uma pessoa.

Que passos dar antes da decisão?

Devem visitar várias instituições e optar pela que mais agradou ao idoso; ler atentamente os documentos disponibilizados (regulamento Interno, contrato de prestação de serviços, entre outros); informar-se sobre os métodos e critérios para a seleção dos candidatos, perguntar se existe lista de espera e uma data previsível de entrada; perguntar se existem comparticipações do Estado, como é calculada a mensalidade e se existe caução.

Que outros critérios devem pesar na escolha?

A localização e as condições de acesso; os horários; a organização das visitas de familiares e amigos; as condições das instalações; o número de pessoal; a rotina diária na instituição; as atividades de animação e lazer; se pode levar objetos pessoais; se os serviços de saúde estão incluídos; se pode continuar a ser seguido pelo médico de família; a organização e o pagamento de saídas ao exterior.   

Que tipos de apoios existem?

Serviço de apoio domiciliário

Resposta social que consiste na prestação de cuidados e serviços a famílias e ou pessoas que se encontrem no seu domicílio, em situação de dependência física e ou psíquica e que não possam assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e ou a realização das atividades instrumentais da vida diária, nem disponham de apoio familiar para o efeito.

As equipas de profissionais vão a casa das pessoas e ajudam a limpar, levam comida pronta ou fazem as refeições na sua própria casa, tratam das roupas, cuidam da higiene pessoal e fazem pequenas reparações na habitação.

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Centro de convívio

Locais onde se organizam atividades recreativas e culturais que envolvem as pessoas idosas das comunidades. Esta resposta tem como principais objetivos prevenir a solidão e o isolamento; incentivar a participação e inclusão dos idosos na vida social local; fomentar as relações interpessoais e entre as gerações; e contribuir para retardar ou evitar ao máximo o internamento em instituições.

Centro de dia

Locais que funcionam durante o dia e que prestam serviços que satisfazem necessidades básicas, promovem a animação e ajudam a manter as pessoas com 65 e mais anos no seu meio social e familiar. Entre outras funções, os centros de dia contribuem para prevenir situações de dependência e promover a autonomia; promover as relações pessoais e entre as gerações; favorecer a permanência da pessoa idosa no seu meio habitual de vida; e retardar ou evitar o internamento em instituições.

Centro de noite

Centros de acolhimento noturno, prioritário para pessoas idosas e autónomas, que, por estarem sozinhas, isoladas ou inseguras, precisam de acompanhamento durante a noite. Além de permitir assegurar o bem-estar e segurança do utilizador, esta resposta fomenta a permanência do utilizador no seu meio habitual de vida.

Acolhimento familiar

Alojamento temporário ou permanente de pessoas idosas em casa de famílias capazes de lhes proporcionar um ambiente estável e seguro, quando não possam ficar em suas casas. Dirige-se a pessoas idosas que se encontrem em situação de dependência ou de perda de autonomia, vivam isoladas e sem apoio social e familiar e/ou em situação de insegurança. Pretende garantir à pessoa acolhida um ambiente social, familiar e afetivo propício à satisfação das suas necessidades e ao respeito pela sua identidade, personalidade e privacidade.

Residências

Apartamentos com alojamento temporário ou permanente e com espaços e/ou serviços de utilização comum, para pessoas idosas com autonomia, com vista a garantir uma vida confortável num ambiente calmo e humanizado. Esta resposta pretende potenciar a integração social e criar condições que permitam preservar e incentivar a relação intrafamiliar. Contribui ainda para a estimulação de um processo de envelhecimento ativo.

Centros de férias e lazer

Centros onde as pessoas idosas e as suas famílias podem passar algum tempo e quebrar a rotina, algo que é essencial ao equilíbrio físico, psicológico e social dos seus utilizadores. Destinam-se a todas as faixas etárias da população e à família na sua globalidade. Esta resposta tem o objetivo de promover o contacto com comunidades e espaços diferentes e as vivências em grupo como formas de integração social; e o desenvolvimento do espírito de interajuda, da capacidade criadora e do espírito de iniciativa.

Agora que já conhece o âmbito de cada uma das respostas sociais que existem para idosos em território português, vamos a questões práticas:

De que depende o acesso a estes apoios?

Conseguir acesso a estes apoios depende dos equipamentos e serviços que estão disponíveis na zona da residência ou num raio relativamente perto. Depende ainda do facto das instituições do setor da segurança social terem capacidade para receber o idoso em questão.

Como funciona o pagamento?

As pessoas idosas que beneficiam deste tipo de apoios pagam um valor pelo serviço prestado – comparticipação familiar – que é calculado com base nos rendimentos da família.

Onde obter informações sobre estes apoios sociais?

– Nos serviços de atendimento da Segurança Social da área da residência;

– Na Instituição Particular de Solidariedade Social que presta o apoio;

– Junto da Santa Casa da Misericórdia;

– No site da Carta Social, onde pode consultar a listagem de respostas sociais existentes.

À parte da questão das respostas sociais, devemos ter presente que manter o equilíbrio e o bem-estar físico e mental dos idosos é um desafio que, mais tarde ou mais cedo, todos teremos de enfrentar, seja na primeira pessoa ou em relação aos nossos familiares e amigos.

Contribuir para tornar esta população mais ativa é contribuir para prevenir doenças e aumentar a sensação de pertença à comunidade dos nossos idosos. Dê um pouco de si. Dê tempo. Ofereça a uma pessoa idosa a oportunidade de fazer o que gosta, conviver com quem estima, de viver. Ensine os seus filhos a manifestar para com os mais velhos o respeito e o carinho que merecem. Um dia, serão eles a cuidar de si, e assim sucessivamente, como manda a lei da vida.