Investimentos

Entenda as subidas e descidas dos juros da dívida pública

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juros da dívida pública
Os juros sobem e descem todos os dias?
 
No mercado de obrigações, tal como nas ações, a cotação dos títulos está sempre a mexer. Cada vez que um investidor compra a outro um ou mais títulos de dívida, o preço a que o negócio se fez determina a evolução deste mercado. Isso não faz, contudo, com que um Estado pague mais ou menos pela dívida no imediato. A negociação entre os investidores apenas acaba por ser importante para quando um emitente de dívida como um Estado decide emitir nova dívida. Aí, os juros do mercado são uma referência para o que o Estado terá de pagar.
 
Se os juros caem, os gastos do Estado com juros diminui imediatamente?
 
Não. Uma redução dos custos de financiamento numa dada emissão não tem um efeito significativo sobre o montante pago pelo Estado, anualmente, em juros da dívida. E, portanto, sobre o valor de impostos que o Estado cobra. A despesa anual com juros diz respeito à remuneração da totalidade da dívida, que é superior a 200 mil milhões de euros. São, na sua maioria, títulos de dívida com juros fixados para vários anos, pelo que só quando as taxas descem em várias emissões consecutivas o efeito sobre o custo médio da dívida total começa a fazer-se sentir.
 
Como são calculados os juros das obrigações?
 
Os títulos de dívida são, tendencialmente, instrumentos que pagam um juro fixo. O que contrasta, por exemplo, com as ações. Isso significa que, no momento da emissão, é definida uma taxa que é paga anual ou semestralmente até que o capital inicial seja reembolsado ao investidor, na chamada maturidade. Chama-se a esse juro periódico o “cupão”, porque em tempos idos os títulos de dívida tinham, no fundo do papel, cupões destacáveis que eram trocados pelos juros. Esse cupão nunca se altera, mas quando os títulos passam a ser negociados no mercado, entre os investidores, a rendibilidade das obrigações varia. Isto porque um investidor pode comprar o título a um valor mais alto ou mais baixo do que aquele que será reembolsado na maturidade. Ou seja, pagar, por exemplo, 98 euros por uma obrigação que, no final do prazo, será reembolsada com 100 euros. É por esta razão que quando o preço de uma obrigação cai, a rendibilidade aumenta, e vice-versa. Porque a diferença face ao valor a reembolsar na maturidade se junta ao cupão fixo e determina a rendibilidade do título, ou seja, o juro.
 
Como é que o Estado se financia nos mercados?
 
As duas formas mais comuns são a realização de leilões de dívida e, por outro lado, as emissões sindicadas. Neste último caso, o Estado contrata um conjunto de bancos que se encarregam de contactar investidores e propor-lhes a participação na operação de financiamento. São também esses bancos que, no dia da emissão, recolhem as ordens de compra dos investidores e procuram reduzir ao máximo os juros a pagar. Este é um método que acarreta um menor risco de uma operação mal-sucedida, porque há um “trabalho de casa” prévio feito pelos bancos contratados. Já num leilão convencional são os investidores que, por sua iniciativa, fazem as suas licitações para a quantidade de títulos de dívida que querem comprar e os juros com que pretendem ser remunerados.
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